A (i)mobilidade brasileira

Na edição do Jornal da Gente desta semana foi publicado um artigo de minha autoria, sobre o desabastecimento causado pela greve dos caminhoneiros. A foto abaixo é da capa do jornal e mostra a situação que ficou a CEAGESP - Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo nestes dias. Reproduzo abaixo o texto um tanto ampliado, em uma versão anterior aos cortes que precisei fazer para adequar o conteúdo ao espaço. Quem quiser ler a versão do jornal é só clicar aqui - https://goo.gl/Ea3FB6.

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Hoje, dia 31 de maio, quando escrevo estas linhas, a paralisação dos caminhoneiros que o Brasil vivenciou já perde força. O abastecimento e a vida dos cidadãos começam a voltar à normalidade, mas as memórias destes dias certamente perdurarão e precisamos aprender com elas.
As lições são muitas, mas vou me ater a uma (as análises políticas deixo para outra hora): um sistema logístico com alicerces em um único modal não pode funcionar.

É assim nas cidades. Precisamos ter transporte público, sobre roda e sobre trilhos, boas vias para veículos e também calçadas, como as que estamos priorizando no projeto Lapa 21. Um sistema integrado e inteligente evita gargalos e não deixa a população refém.

E, como vimos, é assim em um país de proporções continentais como o nosso. Os trilhos não são a solução mágica, mas são parte dela. Devem ser utilizados para grandes distâncias, aliados aos caminhões para escoamento, e temos ainda as hidrovias, que a longo prazo podem ser resgatadas. Uma rede conectada e eficiente.

O brasileiro tem mania de concentrar as coisas. Temos um grande exemplo disso aqui na Vila Leopoldina. O CEAGESP é o maior entreposto de distribuição de alimentos in natura do país. Tudo precisa chegar lá para depois sair, muitas vezes de volta para o lugar de onde veio. O modelo é burro e o resultado é um grande colapso em muito pouco tempo.

Nestes dias de greve quem conseguiu vender algo por lá foram produtores locais. Vendem próximo de onde produzem. Isto é outro fator para a inteligência da rede. Precisamos de descentralização. Valorizar a produção rural urbana, hortas de grande porte dentro das cidades ou em suas margens.
O baque da paralisação foi grande e rápido porque não tem políticas públicas bem estruturadas. Resta saber agora se serviu de lição, ou se foi mesmo apenas mais um capítulo da nossa história de clientelismo e soluções de curto prazo.

* Carlos Fernandes é prefeito regional da Lapa, presidente municipal do PPS paulistano e secretário-geral do PPS estadual.


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