Quem não quer uma Cidade Limpa?

A Lei da Cidade Limpa é uma grande conquista da cidade de São Paulo. Respeitá-la é uma questão de cidadania e inteligência

São Paulo cresceu desordenada. Ninguém nega. Não há como contestar. Terra das oportunidades, a capital foi recebendo gente de todos os cantos do país e do mundo. Gente que precisava morar, trabalhar, viver. Vieram também, claro, as empresas. A expansão sem regras moldou a nossa cidade e não é apenas no desenho das ruas que vemos isso. A publicidade por aqui também sempre foi território meio sem lei. Outdoors imensos, fachadas de prédios, calçadas, tudo na cidade virava espaço publicitário.

Isso mudou em 2006. Os paulistanos ganharam com a Lei Cidade Limpa o direito a um ambiente urbano mais...limpo. As regras de propaganda endureceram. Na fachada as placas indicativas passaram a ter tamanhos proporcionais ao do imóvel. Não podem mais avançar na calçadas à sua vontade. Toten só dentro do terreno. Faixa, panfleto, homem placa, tudo agora é regrado, até os carros de som. E isso é bom para a cidade e os cidadãos.

A publicidade desenfreada reforçava o conceito de que o que é público não é de ninguém. As novas regras nos transportam para o entendimento de que o que é público é de todos. Assim, nos diz respeito o que vai estar lá.

A Lei implantada pelo ex-prefeito Gilberto Kassab foi bem recebida pela população. A overdose de informação visual é o tipo de coisa que, quando sai de cena, nos traz grande alívio.
Acontece que nos quatro anos de gestão Haddad a lei foi perdendo força. A fiscalização foi ficando leniente e, agora, precisamos recuperar essa conquista da cidade. Esse tem sido um trabalho árduo da atual gestão.

Na Lapa temos regiões de muito fluxo de pessoas, onde empresários insistem em jogar dinheiro no bueiro (literalmente) com panfletagem. Digo literalmente porque estamos cansados de ver em nossas ações de limpeza bueiros entupidos por blocos de folhetos que alguém foi pago para distribuir no farol. Fui empresário do setor gráfico e sei bem como são altas a cifras para preparação desse material.

Ainda assim, empresas, especialmente as construtoras, insistem nessa estratégia que além de ilegal, está ultrapassada. Este empresariado deveria se unir em um pacto ético e extinguir essa prática pouco eficiente.

A Lei Cidade Limpa não acaba com a publicidade. Ela dá novas regras onde, para o bom entendedor, podem estar as novas oportunidades. O dinheiro do folheto que vai para o bueiro poderia, por exemplo, estar sendo investido em jornais de bairro. O material tem autorização para ser distribuído gratuitamente e é muito mais atraente, já que agrega ao anúncio conteúdos de interesse dos moradores do bairro. Ao invés de fantasiar seus folhetos de jornal, as empresas deveriam procurar os jornais de fato, aqueles sérios, que detém também a confiança da população.

Vale lembrar ainda que vivemos um tempo de revolução digital. No Brasil temos mais telefones do que pessoas e, nos grandes centros urbanos, a maioria deles está conectado à internet. E o percentual da conectividade sobe junto com a faixa de renda. Estar dentro do celular das pessoas deve ser muito mais eficiente do que ser um folheto entregue entre tantos outros enquanto o cidadão, apressado, segue sua rotina.

É tempo de se reinventar. Encontrar novas estratégias de marketing, mais assertivas e que não infrinjam as leis. As multas para quem não segue as regras são pesadas. Só em setembro, na Regional da Lapa, emitimos 324 multas que somaram mais de R$ 2 milhões.


Quem desrespeita a Lei da Cidade Limpa prejudica o próprio bolso e o de toda a população, que paga pela limpeza do bueiro entupido pelo seu dinheiro!


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