À margem da política
 
A coincidência do calendário une, nesta semana, dois temas que até pouco tempo atrás eram marginalizados no debate político: o Meio Ambiente e os direitos LGBT. Porém, a necessidade de enfrentarmos abertamente todas as questões e a imposição da modernidade elevou ambos às pautas prioritárias do país.  

Nesta sexta-feira, 5 de junho, celebramos o Dia do Meio Ambiente. E no domingo, dia 7, acontece na Avenida Paulista a 19ª Parada do Orgulho Gay em São Paulo.

Falar da sustentabilidade e dos direitos dos gays é, cada qual à sua maneira, tratar do respeito à vida e à igualdade no seu aspecto mais amplo. Independente de gênero, raça, orientação ou espécie. É voltar os olhos para a vida humana e a para a natureza.

É interessante falarmos do respeito à vida e à diversidade traçando um paralelo dessas duas datas que aparentemente não tem nenhuma ligação, a não ser na coincidência do calendário. Mas é verdade que ambas são vistas ainda com muito preconceito e até com certo desprezo por setores mais tradicionais e conservadores da política e da sociedade.

Levantar a bandeira da igualdade de direitos de homens e mulheres, de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros, assim como falar de meio ambiente, de ecologia e de sustentabilidade, era mal visto há até pouco tempo. Temas verdadeiramente marginalizados na pauta política do país e restritos aos partidos de esquerda.

Mas o mundo está mudando. Nestes 19 anos da Parada LGBT em São Paulo, muitos preconceitos e obstáculos foram derrubados. Do mesmo modo ocorreu com a popularização das causas ambientais, após 23 anos da já histórica Rio 92, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento.

Ainda não superamos todos os problemas. Direitos continuam sendo violados e alguns preconceitos persistem. A diversidade não é respeitada na sua totalidade, seja quando tratamos de seres humanos, seja quando nos referimos à natureza e ao meio ambiente.

Mas é insustentável não encaramos esses temas de forma franca e uma insanidade fecharmos os olhos para realidades extremamente relevantes em uma metrópole como São Paulo, a capital da diversidade.
 
Seja no combate à homofobia, à violência e ao preconceito contra pessoas por conta de gênero, raça, comportamento ou orientação sexual, seja no enfrentamento de problemas diretamente vinculados à qualidade de vida, à saúde, à educação e à cultura, temos de nos despir de dogmas e avançar.
 
Carlos Fernandes é presidente do PPS paulistano e foi subprefeito da Lapa

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