Haddad e o "volume morto" da Prefeitura
É curiosa essa nova
postura do prefeito Fernando Haddad, mais uma invenção do marketing político do
PT, de se apresentar como uma espécie de gestor voluntário da crise hídrica em
São Paulo. Parece ter solução genial para tudo, pronto para ditar regras. Será?
Apesar da falta
d´água atingir 71% do território nacional, sem distinção de governos e
partidos, faz parte da estratégia eleitoral petista buscar "culpados"
externos para a crise hídrica: no caso do Brasil é São Pedro (tanto que o
ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, apelou à suposta brasilidade de
Deus para fazer chover). Mas, em São Paulo, eles decretaram que a culpa é do
governo do PSDB e ponto final.
Não concordamos com
esse raciocínio binário, radical e simplista, mas também não podemos ignorar os
dados que comprovam enorme parcela de responsabilidade do próprio PT pela crise
sem solução - tanto pela omissão no plano federal quanto na Prefeitura de São
Paulo.
No caso específico do
prefeito Haddad, temos denunciado sistematicamente que a administração
municipal ignora a política de mudanças climáticas, é permissiva com a invasão
ilegal das áreas de mananciais, ausente na gestão dos parques públicos,
incompetente na questão da limpeza de córregos e na manutenção de galerias
pluviais, negligente na obrigação de implantar combustíveis limpos na frota
paulistana, inconsequente na suspensão da inspeção veicular, inoperante no
cuidado com árvores, jardins, praças e áreas verdes.
Agora a imprensa
revela que Haddad deixou de investir R$ 1,6 bi nos projetos de despoluição das
represas Billings e Guarapiranga, uma parceria do município com os governos
estadual e federal praticamente parada e que deveria ajudar a preservar os dois
maiores reservatórios de água dentro da região metropolitana de São Paulo, que
abastecem mais da metade da população.
Sabe desde quando o
"Programa Mananciais" está paralisado? Desde a posse do prefeito,
deste partido que vive procurando culpados para o racionamento que já se tornou
inevitável, tanto de água quanto de energia (responsabilidade direta dos
governos de Lula e Dilma, há 12 anos no poder).
O programa previa a
instalação de redes de esgoto, despoluição de córregos e reflorestamento de
margens das represas. A ação vinha ocorrendo em várias etapas desde a década passada
e, em 2012, teve início a terceira fase, que consumiria mais R$ 3,5 bilhões até
2016.
Estavam reservados R$
1,961 bilhão para esta finalidade nos orçamentos paulistanos para 2013 e 2014,
mas Haddad mal investiu 15% desse montante. Enquanto isso, continuam
proliferando ocupações ilegais ao redor da Billings - que é a última reserva
hídrica e esperança derradeira para garantir o abastecimento da população com o
agravamento da seca da Guarapiranga.
Se não bastasse esse
descaso com a preservação das áreas de mananciais e com a política municipal de
mudanças climáticas, que refletem diretamente na piora da situação que
enfrentamos, Haddad entrega as poucas áreas verdes que restam na cidade - como
o Parque Augusta, o Parque Verde da Mooca e o Parque da Vila Ema - para a
especulação imobiliária.
Está aí o verdadeiro
volume morto e inservível de São Paulo, que não presta nem para fazer renascer
a esperança da população por dias melhores. A gestão Haddad "faz
água", como se diz popularmente, mas essa é imprópria para o paulistano.
Carlos Fernandes é
presidente do PPS de São Paulo e foi subprefeito da Lapa.
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