Ônibus: futuro incerto
Comentamos aqui neste espaço, semana passada, no artigo "Ônibus:
ponto da discórdia", sobre a lambança do prefeito Fernando Haddad no
sistema de transporte público, como uma auditoria desnecessária para constatar
o que a população e os técnicos da SPTrans já estão cansados de saber.
Ou seja, que o serviço prestado é caro e insatisfatório, que o atual contrato
não tem aderência à situação real da cidade, que a rede existente não consegue
atender a demanda, que há linhas sobrepostas, ônibus superlotados e corredores
insuficientes.Além de gastar dinheiro para descobrir o óbvio, o resultado da auditoria é uma falácia. Quando divulgou que poderia economizar 7,4% com o sistema municipal, como se fosse uma grande novidade, Haddad só esqueceu de explicar que isso só seria possível com um novo contrato, pois está empurrando o atual com a barriga há dois anos.
O contrato em vigor foi assinado em 2004, na gestão anterior do PT na
Prefeitura de São Paulo, mas pelo mesmo secretário, Jilmar Tatto. Conclusão:
foi ele próprio que contratou o serviço que hoje considera insatisfatório.
A Prefeitura anuncia a nova licitação para 2015, junto com um
"estudo" que supostamente vai propor a readequação de todo o sistema,
mas que vai demorar dois anos para ficar pronto. Outra decisão sem sentido:
promete primeiro a licitação e só depois o planejamento da nova rede.
O que o usuário do transporte espera é que a Prefeitura diminua o custo e
aumente a qualidade do transporte, mantendo o valor da tarifa e reduzindo o
subsídio pago às empresas.
Enquanto não atender o essencial, não adianta Haddad alegar que essa auditoria
vai servir de base para elaborar o novo edital de concessão, suspenso desde o
início de 2013 e engavetado após as manifestações contra o aumento da tarifa.
A base do novo contrato deve ser o custo real do sistema, calculado sobre o
número de linhas suficientes para atender a população de forma satisfatória,
considerando de modo inteligente e planejado a quantidade necessária de ônibus,
da quilometragem rodada e do número de passageiros transportados.
A Prefeitura até hoje não resolveu o problema do transporte na cidade de São
Paulo por um misto de incompetência com irresponsabilidade. Tem gente na gestão
Haddad que deveria pedir para descer no próximo ponto. Quem paga o pato,
sempre, é o usuário deste serviço capenga. Já basta!
Carlos Fernandes foi subprefeito da Lapa e preside o PPS paulistano.
Artigo publicado originalmente na Gazeta do Ipiranga em
19/12/2014
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