Lapa, 421 anos de trabalho e desenvolvimento. Mas é possível avançar muito mais


Por Roberto Freire*
Tradicional bairro paulistano localizado na zona oeste, a Lapa completa 421 anos no próximo dia 12 de outubro. Inscrito entre os bairros mais desenvolvidos, integra distrito de mesmo nome que se situa entre os melhores IDHs (Indice de Desenvolvimento Humano) da Capital. Está também entre os locais preferidos para o lançamento de empreendimentos imobiliários, transformando cada vez mais a paisagem do bairro de passado industrial ― e ali, a estrada de ferro da Companhia Sorocabana constitui um marco e uma ligação entre este passado e o presente.
Hoje, a Lapa caracteriza-se como bairro residencial e de serviços, porém possui uma forte atividade comercial, evidenciada pelo movimento de visitantes atraídos pelo Mercado Municipal da Lapa e pela Rua 12 de Outubro, uma das principais do bairro, a “25 de Março” dos lapeanos.
Destaca-se também por uma forte presença de equipamentos culturais, tais como o Tendal da Lapa, a Estação Ciência, a Biblioteca Mário Schenberg, o Teatro Cacilda Becker e o Clube Escola Lapa “Pelezão”, além de brindar os moradores com uma densa arborização, outra característica marcante do bairro.
Todas estas características ajudam a formar uma identidade, acrescida de um dado muito interessante: a politização do bairro. Não por acaso, ainda lá está, na Rua Guaicurus, o prédio da entidade conhecida na atualidade como União Fraterna – nascida no contexto das lutas sindicais por melhores condições de trabalho  e construído nos idos da década de 1930.
Com uma história que evidencia um passado de muito trabalho, traço marcante na personalidade dos imigrantes italianos, população predominante na formação do bairro ― a maioria, operários que atuavam nas diversas indústrias estabelecidas na região ― e com um presente de desenvolvimento e riqueza, o desafio do bairro é estabelecer, juntamente com a cidade como um todo, padrões de desenvolvimentos mais justos e mais equilibrados, visando o desenvolvimento de um comércio mais inclusivo, que propicie a criação de oportunidades de emprego e também o crescimento do pequeno empreendedor. Que busque junto à sociedade, maneiras de desenvolver políticas que privilegiem e viabilizem de fato uma sociedade sustentável, cujas principais dimensões estejam realmente contempladas: nos âmbitos, social, ambiental, político, cultural e econômico.
Na Lapa, o PPS já vem fazendo um trabalho no sentido de cuidar de alguns problemas não só no bairro ou no distrito da Lapa, mas nos seis distritos que formam a jurisdição da Subprefeitura Lapa, comandada pelo nosso presidente municipal, Carlos Fernandes. Trabalho que começou com a passagem de Soninha Francine, nossa potencial candidata à prefeitura municipal, por aquela subprefeitura.
Carlos, como os outros 30 subprefeitos, enfrentam um desafio diário, que é o de estar em contato direto com os cidadãos, participando de suas lutas. Infelizmente, os subprefeitos ficam restritos a trabalhos de zeladoria, que também são importantes no dia-a-dia dos cidadãos, mas sem autonomia para resolver questões referentes à saúde, educação, segurança, pois tais competências estão centralizadas na Prefeitura, num modelo de gestão que já se provou pouco eficiente, pois não dá conta de administrar um território tão complexo com população tão densa.
Nesse sentido, defendo um modelo de gestão descentralizada, a exemplo de Paris, que possui uma população menor que a de São Paulo e está divida em cerca de 300 subprefeituras com verdadeira autonomia para tratar de questões caras à população. Mas isso é assunto para um outro artigo.
Por isso, além de parabenizar os cidadãos lapeanos pelos 421 anos de história e desenvolvimento do bairro da Lapa, deixo meus mais sinceros votos de que não tarde em se tornar o bairro dos sonhos de cada um dos seus moradores e também chamar a atenção para o fato de que população lapeana é parte importante na luta pelo bairro, pelo desenvolvimento que queremos e é também a partir da sua organização e engajamento na correção dos rumos na política e no cotidiano que poderemos alcançar uma cidade mais justa e sustentável.
*Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS (Partido Popular Socialista)

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