Tudo que é novo é melhor?

Inovar e renovar na política é sempre bom, mas estes não são elementos que se sustentam sozinhos

Não é hora para outsiders. Por mais que algumas incertezas do cenário político ainda façam alguns pensarem que é preciso buscar ‘salvadores da pátria’, esta não é a realidade. Existem sim problemas, mas o país já ensaia passos na direção correta. O momento não pede guinadas em que não se pode precisar nem mesmo a direção.

Tenho defendido o fortalecimento e a união de um campo democrático de centro. A resolução estadual do PPS de São Paulo que aprovamos há pouco corrobora com a importância desta aglutinação. Vemos pensamentos extremados e rasos se fortalecendo e a desunião dos que primam pela democracia e a ética acima de tudo pode dar ainda mais corpo a estas visões perigosas, seja à direta ou à esquerda.

Os partidos precisam sim estar abertos ao diálogo com os movimentos que emergem da sociedade e o PPS tem feito esta lição de casa. Mas isso não quer dizer que devemos colocar de lado histórias políticas consistentes e elevar ao posto de ‘melhor saída’ qualquer uma destas lideranças, por mais conhecida e admirada que ela seja.

O que tem se proposto e aventado na esfera nacional em nada se assemelha ao que vivemos em São Paulo como alguns sugerem. João Doria era um nome novo nas urnas, mas com conhecimento e alguma vida partidária. Filho de deputado caçado pela ditadura, vivenciou a prática política desde cedo. Conseguiu construir em torno de seu nome a maior aliança política da história, além de conquistar o empenho fundamental de grandes nomes do PSDB, incluindo o governador Geraldo Alckmin. A experiência como gestor privado agregou muito sim, mas não é só disso que é feita a sua essência.

Outra comparação ainda menos palpável é com a eleição de Emmanuel Macron. A França é uma democracia muito mais madura do que a nossa. Os franceses vivenciam a prática política de forma muito mais intensa. E o principal, Macron sempre foi um agente político ativo, integrando inclusive o governo anterior ao seu.

O Brasil tem tarefas importantes para cumprir. Reformas de grande relevância vem por aí e não é possível imaginar que um novato vá conduzir com a firmeza necessária negociações difíceis como as que estão na mesa.

Quando tudo caminha para que a gente supere a crise instalada por 14 anos de PT e a justiça faz a sua parte contra a impunidade, vamos começar com fogo amigo?

Acredito que a candidatura de Geraldo Alckmin para a presidência tem se desenhado como a melhor alternativa para representar um campo democrático de centro, capaz de manter o país no rumo correto, construir coesão no parlamento, avançar com as reformar e dar consistência à recuperação econômica do país. Ele já demonstrou essa capacidade no governo de São Paulo, mantendo o estado em pé, com estabilidade financeira, salários dos servidores e serviços à população em dia, enquanto as finanças de outros estados desabam como castelos de cartas.

Luciano Huck é uma grande personalidade. Uma pessoa de bem, que presta ao longo de sua vida grandes serviços à sociedade brasileira. Sua entrada na política partidária só agregaria e muito nos honraria se a sigla for o PPS. Tem articulação e conhecimento sobre seus posicionamentos. Não é um aventureiro. Mas não é também a melhor opção para as eleições nacionais de 2018, por todos os motivos que já discorri por aqui.

Precisamos, enquanto partido, potencializar e alavancar o campo democrático de centro e discurso do ‘novo’ não cabe neste contexto. O PPS deve honrar sua história e fazer o que é o melhor para o Brasil.


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