Haddad, Tatto e a negligência da gestão
O prefeito Fernando Haddad e o secretário Jilmar Tatto agem como "pais desnaturados" ao tratarem dos problemas do transporte público na cidade de São Paulo. Veja se não cabe a analogia: o contrato em vigor com as empresas de ônibus é " filho " da gestão anterior do PT, assinado há dez anos pelo mesmo secretário de transportes que hoje renege a cria
A Prefeitura de São Paulo contratou uma auditoria externa para diagnosticar as
falhas do sistema, tal qual os pais que recorrem a um psicólogo para ajudar na
orientação do rebento mal comportado. Mas eis a surpresa na conclusão da
análise quando o filho recebe alta, enquanto os próprios genitores acabam
responsabilizados por negligência, maus tratos e abandono.
Mal comparando, foi esta a conclusão da auditoria: o problema não está no
contrato do transporte, mas na sua gestão. Ou seja, se a qualidade do serviço
prestado se mostra insatisfatória, não é por falta de mecanismos legais. Estão
todos ali, previstos contratualmente, para remunerar o trabalho eficaz e punir
as ineficiências.
Voltando ao exemplo inicial: é como em nossa casa, se não dermos a necessária
atenção aos filhos, estabelecendo regras, colocando limites e cobrando
responsabilidades, a tendência natural é a acomodação. Depois que os pais
perdem a autoridade, não adianta lamentar a rebeldia do filho, a falta de
respeito e consideração.
No caso do transporte foi a mesma coisa. A Prefeitura tinha nas mãos todos os
instrumentos de fiscalização e controle do sistema. Podia acompanhar passo a
passo cada ônibus da frota, a quantidade de passageiros transportados, os
quilômetros percorridos, a velocidade, o tempo de percurso, o número de
partidas por dia, a localização exata por GPS.
E o que Haddad e Tatto fizeram com todos esses recursos disponíveis?
Absolutamente nada! A Prefeitura é frouxa na gestão do transporte e leniente
com os problemas que foram se avolumando: ônibus superlotados, veículos mal
conservados ou com idade superior à permitida, lucro mal auferido, partidas não
realizadas, entre outras falhas que deveriam gerar multas e outras punições (no
limite, até a exclusão da empresa), mas que foram sendo toleradas.
Conclusão: apesar de constatar que o serviço prestado é caro e insatisfatório,
a única ação da Prefeitura após a auditoria foi aumentar o valor da tarifa e
anunciar que está prevista para este ano uma nova licitação para o sistema (no
lugar do atual contrato, vencido e prorrogado indefinidamente).
Mas Haddad e Tatto fingem desconhecer que o problema central é a má gestão. Se
prosseguirem neste autismo político, podem abrir concorrência, fazer auditoria
e dissecar a planilha de custos que não vão resolver a demanda da população por
um serviço eficaz, de qualidade, com ônibus pontuais e confortáveis, em linhas
bem planejadas e por um preço justo. São ruins de direção e não dão passagem
para quem entende (inclusive o corpo técnico da SPTrans) poder avançar.
Carlos Fernandes foi subprefeito da Lapa (2010/2011) e presidente o PPS paulistano
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